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acelerador e intensificador da nossa experiência humana.

Encontramos nos mais variados autores, crentes ou não crentes, a afirmação que a leitura tem uma parentela com a oração quando no ato de ler se investe uma qualidade de atenção e devoção que unifica, purifica e potencia o nosso contato mental coma realidade através da linguagem.
Todos sabem que na nossa longa tradição o “verbum”, o “logos”, ou seja, a palavra, o discurso tem um valor particular, melhor central.
Há textos especiais, definidos como sagrados , a cujos valores e integridade somos particularmente apegados.
Trata-se de textos não de consumo, mas que permanecem e duram no tempo, desafiam o tempo porque sentimos a necessidade de voltar a eles, de os reler, ruminá-los, interpretá-lo de novo, assimilá-los.
Alguns teóricos da literatura consideram que também os textos literários são mais para reler do que para ler uma só vez. Ao longo de toda a História do humanismo ocidental, por vezes cristão, por vezes laico, ocorre frequentemente o conselho de escolher com cuidado e consciência as suas leituras, até excertos ou frases singulares, que se regressa como a um alimento indispensável.
É por isso importante discernir o que se lê, mas também como se lê, com que intensidade e intenção.
Os maiores filólogos dizem muitas vezes que a filologia (ciência que tem objetivo estudar uma língua através de textos escritos) não é mais que a arte de ler atentamente e repetidamente.
A discussão internacional sobre o mais famoso livro de crítica do final do século XX, o cânone ocidental do crítico literário Harold Bloom (1930-2019), quis reabilitar, reanimar a grande tradição literária, após um século de vanguardas iconoclastas. Outro seu ensaio intitula-se “Como ler e porquê”.
E hoje, nos nossos dias? Nos dois extremos, mas também em curto-circuito, há por um lado os textos sagrados e os clássicos, do outro os jornais.
Fundamental é ensinar a ler! A leitura é o caminho necessário para entender o mundo, sem deixar de respeitar as diferenças culturais, sociais e políticas do indivíduo. Existe uma importância da leitura para a formação individual e social do indivíduo. Vivemos numa era em que para nos inserir no mundo profissional devemos possuir boa formação cultural e muita informação. Quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a consciência, o raciocínio e a visão crítica.
Leitura é importante para formação intelectual, mas também por permitir o acesso ao mundo das informações, das idéias e dos sonhos. O escritor moçambicano Mia Couto disse: “Leitura é resgatar o prazer de criar suas próprias histórias e ser outros”.
Os livros são muitas vezes “perigosos” porque são aceleradores e intensificadores da nossa experiência humana, abrem portas e janelas que nem sequer sabíamos que existiam, são surpreendentes encontros de vida.
Ao mesmo tempo são cúmplices inesperados da nossa aventura humana. Os livros são esse alargar de horizontes que permitiram aquele encontro mais secreto e profundo com a nossa voz.
Ler é ampliar a visão de mundo! Ler é ampliar horizontes! A leitura é infinita! Ler é manter os olhos encantados!
15.10.2021 Prof. Dr. José Pereira da Silva










  • Fontes: PROFESSOR DR. JOSÉ PEREIRA DA SILVA