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RACISMO

(JOSÉ DINIZ JUNIOR)
Minha infância em Passa Quatro passei dentro do campo de futebol no Bairro da Feira todas as tardes com garotos da minha idade.
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Queira sentar-se que lá vem história.
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Tive como "Mãe de Leite" uma mulher negra chamada Carmelita.
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Na Igreja Presbiteriana convivi com meninos e meninas evangélicos como eu.
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No Ginásio São Miguel dos padres da ordem dos Betharramitas foram anos de aprendizado aprendendo as regras da vida.
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Em Taubaté estudei no Ginásio do Estado, no Taubateano, na Faculdade de Direito e de Educação Física.
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Toquei na Fanfarra do Senai, cantei no Coral da D. Neide Áureo, bati o surdo do internacional Bloco Vai Quem Quer.
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Fui zagueiro do 13 de Maio, do Nova América, do Vila São Geraldo, do XV de Novembro, do E.C. Quiririm, do Sereno.
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Desfilei nas Escolas de Samba Império do Morro e Acadêmicos do Chafariz, na Banda de Ipanema e no Bloco "Simpatia É Quase Amor" no Rio.
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Fiquei 10 meses no Serviço Militar em Pindamonhangaba (foto) sendo três meses no Quartel General no Ibirapuera na capital de SP como datilógrafo.
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Nos 12 anos em que estive como dirigente no E.C. Taubaté convivi com centenas de jovens que pediam um espaço para tentar a carreira de jogador de futebol.
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Fiquei uns 300 dias preso no Pemano em convívio com dois mil outros "ladrões" por conta dos meus escritos em jornal, onde fui técnico do time de um dos 16 pavilhões, onde escrevi meu primeiro livro "Diário da Tranca".
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Em todo esse universo que descrevi, jamais vi alguém chamando o outro para a briga por conta da cor da pele. Pelo fato do "outro" ser branco, preto, verde, amarelo, ou coisa parecida.
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Minha geração conviveu com SERES HUMANOS sem se importar com a cor da pele.
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Nos últimos tempos criaram o Dia da Consciência Negra, surgiu Zumbi dos Palmares, a palavra "negro" passou a ser mencionada com cuidado.
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Estou lendo o livro "Fala Crioulo" de Haroldo Costa - Editora Record - 1982 - em que a pesquisadora Maria Beatriz Nascimento escreve na página 194:
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"...Tem muita gente obtendo vantagens com o debate da questão racial..."
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Esse livro reúne depoimentos de negros em diversos segmentos da sociedade sobre o tema "Racismo".
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Com meus cabelos grisalhos, eu sigo feliz com todos os amigos que fiz pela vida, sem jamais ter notado a cor da pele de qualquer um deles.
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Sem que isso tenha me aborrecido um dia sequer nas diversas fases que mencionei acima.
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Peço licença para repetir a frase do livro que mencionei:
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"Tem muita gente obtendo vantagem com o debate da questão racial".
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Isso posto...que venham os habituais tiroteios deste Foice Buck Jones.
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Bom dia....meu livro "Diário da Tranca" está à venda na Amazon por R$ 30,00.






  • Fontes: JOSÉ DINIZ JUNIOR