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A VERDADEIRA VIDA

As estradas de terra que cruzam as roças sempre foram mais do que simples caminhos. Elas são testemunhas silenciosas de histórias, encontros e saudades. Eram por essas estradas que os viajantes seguiam a cavalo, em charretes ou mesmo a pé, carregando novidades, sonhos e lembranças. E, na porteira, sempre havia alguém à espera.

As famílias se reuniam na entrada das fazendas, de olhos atentos à estrada, esperando o retorno dos entes queridos. O barulho dos cascos dos cavalos ou o ronco distante de um caminhão anunciavam a chegada, e o coração batia mais forte. As crianças corriam animadas, os mais velhos se ajeitavam na sombra da árvore, e até os animais pareciam sentir a emoção do reencontro—o cachorro abanava o rabo, o gado olhava curioso, e os cavalos relinchavam em saudação.

A poeira levantada na estrada era sinal de vida chegando. Os abraços apertados, as conversas animadas e as histórias contadas ali, no pé da porteira, eram momentos simples, mas cheios de significado. Não importava quanto tempo havia passado, cada chegada era uma celebração, e cada despedida vinha com a promessa de um novo encontro.

Essas cenas, que ainda se repetem em muitos cantos do interior, representam a essência da vida no campo: a espera paciente, o valor das relações e o respeito pelos caminhos que nos levam de volta para casa.
Imagem, texto e edição @ricardoboutelet






  • Fontes: CIDADES MINEIRAS

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