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Trabalhar as fragilidades e limitações

Muitas vezes, porque não alcançamos o ideal que almejávamos,pensamos que erramos tudo,que desperdiçamos a nossa vida inteira.
Tínhamo-nos proposto tornar-nos importantes na sociedade,na profissão;e perdemos de vista o que somos,a nossa especificidade.As nossas limitações.Nunca mais voltamos a nós próprios.
A maior parte desta humanidade identificá-se acriticamente com os modelos culturais e sociais dominantes.Modelos assumidamente inatingíveis para manter o habitante deste tempo insatisfeito,frustrado,para estar sempre pronto a consumir,a competir para reduzir o sofrimento.
Pelo contrário deveríamos dar valor à nossa conatural debilidade.Conhecer e saber integrar as nossas limitações conduz-nos a uma boa autoestima.
Nesta perspectiva,até os erros que fazemos se torna indicações úteis para continuarmos a viagem da nossa existência.Muitas pessoas devido sua educação,história pessoal e pelo tipo de sociedade em que vivem passam quase toda a sua vida sem perdoar a si mesmas pelos erram que cometeram.
Os nossos erros devem servir para melhor e nunca para viver pior.Por outro lado,quem não aceita cair ,continua inconscientemente a acreditar que ainda é a criança onipotente que foi.
Não vale a pena mascararmos de indiferença ou de superioridade;não adianta esconderes-te numa hiperatividade incessante e desatinada para manter distante o vazio interior.
Um vazio que leva à autodestruição,à vontade de fazer o mal a ti próprio.Só quando tiveres voltado a habitar plenamente no teu coração poderás viver serenamente e também poderás perdoar .Só então o perdão se torna um ato libertador e não de sofrimento.
A sociedade em que vivemos,porque não quer saber que tem que morrer,provoca depressões,insatisfação.Não nos deixa viver a realidade.Provoca um medo de errar,porque se vivem os erros como fracassos da pessoa inteira: medo daquilo que não é controlável,previsível;medo de arriscar,medo de sofrer etc.
Quando não se sabe que se tem de morrer: não se aceita o diferente,não se aceita as dificuldades,não se aceita a insegurança,não se aceita as fragilidades,não se aceita as incertezas etc
A pessoa que aceita a sua mortalidade , a sua fraqueza,é ativa,aberta às mudanças,é vital,verdadeiramente otimista e com uma autoestima sadia. Consegue transformar as situações porque consegue transformar a sua debilidade.
Quando erra,uma pessoa sadia sabe que é o momento de reconhecer suas imitações.Esta atitude levá-la-á a errar cada vez menos,porque cresceu em humanidade e não em perfeição.
Neste nosso tempo,é-se mais atraído por aquilo que uma pessoa faz,por aquilo que possui exteriormente,do que por aquilo que ela é,pela sua sabedoria interior.
Os papéis,os trabalhos realizados,o dinheiro ou o poder só ganha significado quando se insere numa visão precisa de vida que provenha de sua interioridade,que deve ser produzido pela consciência do saber que tem de morrer,da nossa fraqueza e efemeridade,na aceitação e,por conseguinte,em pôr-lo ao serviço do outro,da humanidade inteira.
07.03. 2025 Prof. Dr. José Pereira da Silva







  • Fontes: PROFESSOR DR. JOSÉ PEREIRA DA SILVA