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A ilusão da Autossuficiência

Vivemos numa sociedade da autossuficiência. Do controle total sobre a vida, poder ilimitado para superar tudo e independência total. Que se pode tudo por conta própria, que se basta a si mesmo, não precisando dos outros. Cria-se a ilusão de que somos suficientes por nós mesmos.
Essa ideia de autossuficiência sobrecarrega as pessoas com uma carga desproporcional. O querer controlar tudo gera ansiedade, muita frustração e depressão, pois vamos percebendo que temos capacidades limitadas.
A autossuficiência traz consequências danosas para vida relacional, emocional e espiritual. A ideia de que somos capazes de enfrentar tudo sozinhos vai criando uma ilusão de força e capacidade. Pode ir gerando uma falsa segurança. Essa ilusão de autossuficência pode ser perigosa por fazer ignorarmos nossas necessidades mais profundas. O autossuficiente acredita que não depende de ninguém.
Acredita-se que tudo estar sob controle, o que sobrecarrega uma pessoa com responsabilidades que não se pode muitas vezes carregar sozinha. Temos forças limitadas, é preciso reconhecer os limites. Esse reconhecimento é o caminho para superar a autossuficiência. Tal situação gera estresse, desgaste emocional e ansiedade. A autossuficência pode criar uma barreira entre as pessoas pois cria a ilusão que não precisamos dos outros. A ajuda mútua é fundamental. É preciso saber reconhecer os próprios limites e pedir ajuda. Vencer o ciclo da idolatria do próprio eu.
A autossuficiência pode colocar o “eu” no centro de tudo, criando auto engano. No trabalho cria a obsessão de alcançar suas metas a qualquer custo. O autossuficiente vive no clima do perfeccionismo e no medo de decepcionar. Vive-se sob a espada de dâmocles.
É preciso diante da autossuficiência o esvaziamento de si. Redescobrir a importância da escuta, darmo-nos tempo para nos escutarmos.
Autossuficiência é uma forma de preencher os nossos limites ou fugir deles. Evitar dar voz a autossuficiência e reconhecer nossas debilidades. O reconhecimento da própria limitação é o primeiro passo para compreendermos nossa verdade íntima. A pessoa deve ter um equilíbrio interno saudável, ter determinada autonomia porém aceitar ajuda quando necessária. Não existe autossuficiência total o que levaria a pessoa ao isolamento e não pedir ajuda quando precisasse. Pedir ajuda é uma forma de fortalecimento da pessoa e não de fraqueza. É uma forma de autoaceitação e desenvolvimento.
Temos hoje a imagem dominante do homem vencedor, do homem tecnológico que confia no seu saber tecnológico para superar os obstáculos. Que busca encontrar em suas atividades uma eficácia quantificável. Essa imagem estabelecida pela cultura científico-tecnológica faz do homem o centro do processo e cria a ideia da possibilidade de programar e quantificar resultados. Cria-se uma cultura do isolamento e da autossuficiência.
É necessário inteligência crítica para aproveitar novas circunstâncias e as próprias incertezas. Numa época de triunfo a autonomia, da autossuficiência, da tecnologia , estamos sempre expostos a um limite, que devemos reconhecer.
28.11.2025 Prof. Dr. José Pereira da Silva







































  • Fontes: PROFESSOR DR. JOSÉ PEREIRA DA SILVA