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O Tempo: pensar o que se faz do tempo é refletir sobre o homem.

O tempo é uma realidade humana, ao menos na sua dimensão psicológica, só é livre quando liberta. Não é alienando o inalienável. A relação da condição temporal da existência humana em relação com a liberdade. Existe uma implicação entre tempo e liberdade.
A identidade pessoal de alguém é histórica. Dentro do tempo, cada pessoa transforma o seu templo num horizonte de possibilidades. É nesse tempo que acontece a existência humana, ou seja, a relação com o mundo, com o outro e consigo mesmo.
A temporalidade nos lembra da nossa finitude própria. O texto do século XVI diz: “A história diz: Homem, desde a partida/volta a tua atenção para o fim por mais alegre que que seja a tua vida!”.
Entre o nascimento e a morte, a vida é construção. Essa historicidade necessita de tempo. Os acontecimentos humanos do passado deixam raízes, ou seja, memória e marca a nossa relação com o presente; o futuro que se projeta já está orientando o presente. O tempo presente está sempre desaparecendo, é o tempus fugit. No tempo temos as dimensões da atenção e da dispersão.
O tempo é condição para tornar-se, ou seja, vir a ser o que se é. O tempo é condição de possibilidade da liberdade humana e para realização pessoal.
Pensar o que se faz do tempo é refletir como se define o homem. A internet criou uma nova configuração na apreensão e compreensão do espaço e do tempo e mostra uma nova configuração do sujeito e do mundo.
A temporalidade atual dificulta as distinções: verdadeiro/ficcional; real/virtual; superficialidade/profundidade, criou-se uma amálgama indiferenciada. Uma realidade cada vez mais abstrata. Falta tempo de interiorização para as pessoas, é preciso do tempo da lentidão.
As pessoas precisam conhecer suas verdadeiras necessidades, desejos e emoções para escolher o seu tempo e a sua vida. O tempo é fundamental para construir uma existência com dignidade e densidade humana. É dar atenção àquilo que somos.

O passado, presente e futuro formam uma trama dentro da psique humana fugindo da lógica cartesiana. Um tempo que tem como base o sentimento e a emoção. Um tempo de ressignificações. O tempo é plural.
O tempo deve ser definido pela sua qualidade. Um tempo kairós, de qualidade e não somente um tempo quantitativo (chrónos).
Tudo o que é humano é feito de tempo. No livro O Pequeno Príncipe lemos: “Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante para ti”, explicou a raposa ao Principezinho. Há uma qualidade de relação que só se obtém no tempo partilhado. Consumimos, mas não saboreamos.
A nossa vida está cheia de tempos. Precisamos identifica-los e tratar deles, como quem cuida de um tesouro. Não é a quantidade de tempo o mais importante. O importante é perguntar-se o que fazemos do tempo e investir aí a matéria de nossos sonhos.
21.11.2025 Prof. Dr. José Pereira da Silva







  • Fontes: PROFESSOR DR. JOSÉ PEREIRA DA SILVA