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olhar que acolhe e constitui o sujeito.

Vivemos na sociedade das redes sociais em que tudo está sob o olhar de inúmeras pessoas, alguns chamam de sociedade do espetáculo. Porém esses “olhares” veem o outro como sujeito?
Pensar no olhar é uma forma de contemplar a humanidade. Sempre somos acompanhados por um olhar. Jamais podemos nos enxergar-nos de frente. O espelho será a nossa realidade. Através do olhar somos o que imaginamos; o que gostaríamos de ser. Veja quantos procedimentos estéticos foram criados em nossa sociedade. Vivemos numa sociedade visual que se detém nas aparências. Os olhos são as janelas de nossa alma.
O olhar é anterior às palavras. Com frequência olhamos porém nem sempre nos encontramos. O olhar quando superficial não enxerga ninguém apenas objetifica. Esse olhar é mutilador pois nega o outro como sujeito.
Olhar e sentir se misturam. O olhar é cheio de gestos, é entender o sentimento das pessoas. Perceber e sentir o sofrimento humano é ter um olhar atento e acolhedor. E ter os olhos abertos para perceber o outro e suas necessidades existenciais. O olhar perceptivo
Um olhar que tenha sensibilidade a singularidade do outro. É preciso ter um olhar para o outro. O olhar acolhedor vê o outro a partir das suas feridas e fraquezas. Procura compreender. Ser olhado nas suas feridas.
Olhar-nos a tal ponto de desmoronar o castelo de nossas certezas e ver o limite do personagem que construímos. Um olhar que faz encontrar a singularidade. O olhar ajuda a dizer quem é o outro e como ele nos percebe. Essa dialética é importante na construção da identidade e na relacionamento com a alteridade.
O olhar sincero e penetrante encontra nossa fragilidade, nossos temores, medos, feridas, desse lugar que queremos fugir, se encontra as respostas. Um verdadeiro diálogo nasce sempre do ser olhado. É preciso dispor do olhar de um modo novo. O olhar requer atenção ao outro. O olhar tem grande importância na formação do sujeito e do desejo. Antônio Quinet nos diz vivemos numa sociedade voltada para o olhar do outro, que atuamos na sociedade com máscaras sob o olhar do outro. O que leva muitas vezes ao narcisismo.
Numa sociedade do frenesi infelizmente poucos tem tempo para um olhar em profundidade, olhar-se e não se vê. É necessário exercitar o olhar humanizador. A ver com o coração. Olhar o inesperado diferente do que pensamos. O filósofo Schopenhauer (1788-1860) dizia que : “o homem é um animal metafísico”, que coloca perguntas que vão além do visível. Olhar-nos e fazermos as perguntas que nos habitam, se assim não o fizermos viveremos na superfície de nós mesmos. A sabedoria latina dizia que o ser humano amadurecido deve habitar consigo (habitare secum), escutar-se. Não é um ato narcisista, porém de encarar a própria verdade. É uma forma de olhar a própria vida e de agarrá-la com lucidez e criatividade. Olhar e pensar!
O olhar é atitude de inclinar-se para ver e acolher o outro. Um olhar de conjunto. Olhar que revela a singularidade da pessoa e sua interioridade. Olhar posto na realidade, esse revela uma orientação diversificada da interioridade, é poder ver a realidade por dentro. Como é o nosso olhar?
26.09.2025 Prof. Dr. José Pereira da Silva













  • Fontes: PROFESSOR DR. JOSÉ PEREIRA DA SILVA