| 377

Frango com polenta

FALANDO SÉRIO

(Esta história aconteceu há 20 anos ... Saudade!)

Aproveitando o feriado de primeiro de maio que, caindo na segunda feira, estendeu o último final de semana, dei uma chegadinha à terra natal para conferir uns negócios e matar a saudade do jeito e da gente taubateana.
Ao chegar à sexta-feira, aportei no Bar do Pereba para “molhar o bico” e atualizar das coisas que andavam acontecendo na terra do Barão de Tremembé; pouco papo, ou estavam sem novidades ou os cornetas de plantão estavam ariscos.
No sábado, como sempre – dei o sagrado passeio pelo mercadão. Pouca gente, imaginei que a causa tivesse sido o final de semana prolongado. Comprei umas coisinhas, dentre elas dois metros de chouriço que aqui no Sul tem algo parecido e se chama morcilha, porém, é menos saboroso. Comi uns pastéis com guaraná, apreciei as bancas de peixe, visitei as bancas de ervas (êpa!), onde adquiri duas colheres de sementes de urucum, que é ótimo para baixar o índice de colesterol, e uns temperos à granel para completar minha despensa – aqui em Joinville sou muito exigido na cozinha, pelos amigos é claro.
Saindo do mercado resolvi dar umas voltas a pé pelo centro da cidade. Visitei as obras da Dom Epaminondas onde na realidade foram trocados apenas os ladrilhos; que por sinal deixaram muito a desejar. Pelo tamanho do tapume que envolvia a praça imaginei que a obra seria maior. Pelo menos a banca de revista foi reformada e ficou com outro visual.
O que não combina, ou combina? – São as lojas ali instaladas cada qual com seu alto berrante direcionado para a calçada atingindo diretamente os tímpanos dos pobres transeuntes; é bom tomar cuidado, pois isto é cultura tacanha.
Próximo do meio dia tomei o rumo do bosque (bosque?) para encontrar com a turma do Vai Quem Quer no “point” do Zé da Cueca. Surpreendi-me com o bar fechado. No estabelecimento ao lado, meio que perdidos, tal abelhas que se lhes tiraram a cachopa, estava, o Guido – cabeça branca, e dois ou três adeptos do samba e da cerveja. Aderi ao grupelho na busca de informações.
- O Zé da Cueca fechou por inadimplência – comentou o Guido.
- Ele deixou de pagar aluguel? – questionei.
- Não... a turma deixou de pagar a cerveja – retrucou.
Ato contínuo, para espantar a tristeza e como num passe de mágica, apareceram o pandeiro, o tamborim e o surdo. Atendendo há um pedido sai a música do Frangão. Começa a rolar a cerveja, chegam o João Guarú e o Michela. O Zezé dá uma passadinha e sai rápido, pois tinha o compromisso de pajear o neto. Crisante chega buscando adesão para o desfile que se realizaria na Festa dos Italianos em Quiririm. A zorra fora instalada e eu atendido nos meus desejos. Amigos, cerveja e samba...e em Taubaté.
O sábado não se completaria se não fosse ao final da tarde, meu atropelamento por uma bicicleta, em cima da calçada próximo da Rádio Difusora. Dado ao que restara de minha agilidade, consegui esquivar-me e desferir um pequeno safanão no desgraçado que se estatelou no meio da rua. Queria briga o infeliz. Não afinei, porém, imaginei, se precisasse de reforço, buscaria no Bar do Pereba, ali pertinho. Não foi preciso, o desataviado ciclista amofinou-se e foi embora com sua “magrela” meio estropiado, os dois, deixando-me com a sequela de um braço doido pelo safanão.
O domingo veio quente e, junto veio o convite do Diniz para degustarmos as guloseimas italianas em Quiririm. Negócio fechado. Encontramos-nos na barraca do glorioso E.C.Quiririm e, entre uma cerveja e outra o Barão desfiava catilinárias sobre diversas “figuras” que iam desfilando pela festa. Instruí-me das novidades, principalmente depois que o Zé Tremembé aderiu ao nosso conluio.
Final de dia; tinha cumprido mais uma etapa de minha estada na terrinha.
Segunda feira, primeiro de maio, dia dedicado ao trabalhador. Conforme combinado na véspera, elaboramos e “traçamos” um suculento frango caipira com polenta. Detalhes? – Perguntem ao Diniz, apenas com um detalhe: se ele lembrar!Virou
Henrique Chiste Neto








Mais Fotos

  • Fontes: HENRIQUE CHISTE NETO