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Hoje, embora distante de minha terra natal, mantenho gravada na mente a chancela de taubateano

FALANDO SÉRIO

Tempo para Taubaté
Eu quero minha chaminé de volta!!!
A nossa existência é marcada por etapas. Ao nascer, o ser humano
que já vem marcado por uma personalidade extraterrena, recebe o carimbo
da naturalidade. As etapas são distintas e vão se sucedendo, uma a uma,
com o tempo passando. Buscamos o futuro e estamos sempre no presente.
Com um certo número de etapas vencidas, todas guardadas na sacola
do tempo, vamos montando o “puzzle” de nossa vida.
Hoje, embora distante de minha terra natal, mantenho gravada na
mente a chancela de taubateano. A cada semana durante os últimos dez
anos, “viajei” à Taubaté através de uma coluna jornalística.
Viajar... Ah! Como é bom viajar no tempo, meio contínuo e
indefinido no qual os acontecimentos parecem suceder-se em momentos
irreversíveis.
Anos 1960, época dourada marcada por inúmeras mudanças que
transformariam o mundo e o comportamento humano. Época onde a
juventude era curtida com toda energia do jovem, sem medo de ser feliz.
Taubaté espiava timidamente a explosão do mundo e principiava sua
revolução doméstica com seus jovens abrindo caminho na busca do novo,
diferente.
Havia muita curtição nos hábitos da época. Os acontecimentos
sociais dos finais de semana marcavam a vida de muita gente.
A época era marcada pelo bom relacionamento, todos tinham suas
turmas; cada turma seu ponto de encontro.
Depois de curtir todos os dias e cada momento daquela época
dourada, o vento do destino soprou forte e levou-me para mais longe.
Durante esta viagem temporal fui, à distância, percebendo as modificações
que ocorriam na terra de Jacques Felix.
Primeiro os colégios, Diocesano, Bom Conselho, Olegário de Barros
e Taubateano foram desaparecendo ou perdendo suas características de
colégios particulares. Em seguida desapareceram os cinemas, Odeon, Boa
Vista, Urupês e Palas; o Metrópole voltou a ser Politheama que também
não sei se está funcionando.
As indústrias genuinamente da gente taubateana foram
desaparecendo, a CTI, a Juta Fabril e a Embaré...Eu quero minha chaminé de
volta!!!
As áreas públicas, como a praça da Catedral, o largo da Estação, o
largo do Chafariz, eram pontos característicos que marcavam a
personalidade da gente taubateana, hoje totalmente descaracterizados pelas
mudanças de hábitos de seus frequentadores.

É evidente que a cidade cresceu, novas indústrias foram implantadas,
novos bairros nasceram e muita gente aí foi plantar moradia.
Resta hoje a nós, dos sessentões ou mais, recordar uma época que,
juntamente com nossa terra, curtimos intensamente. Época que o tempo
cuida que fique pra traz, como nós, que vamos marcando a esteira da vida,
que é como um sonho tão leve, que se desfaz como a fumaça que se esvai.
Como a chaminé da Embaré que os canalhas fizeram evaporar pela
incompetência ética cultural da cidade.

Henrique Chiste Neto






  • Fontes: HENRIQUE CHISTE NETO

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