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Marmelada alçou à fama o "Vermelhão"

MEMÓRIA

O texto abaixo publicado pelo jornal Folha de São Paulo, retrata exatamente hoje não é diferente de hoje abrigando interesses escusos em prejuizo de outros. Neste caso o mais prejudicado foi o ESPORTE CLUBE TAUBATÉ (que não foi um vez só). A reportagem é do jornalista da época ALEC DUARTE da Folha, Vamos a ela.
Entre 4 de dezembro de 1989, como canta seu hino, e 18 de novembro de 2000, quando foi catapultado à elite do futebol nacional graças ao bizarro regulamento da Copa João Havelange, o São Caetano guardou no fundo do baú uma história que, se dependesse da vontade de vários dos protagonistas, ficaria eternamente incógnita.
A marmelada que levou a equipe pela primeira vez ao mesmo andar dos times mais tradicionais do Estado e até mesmo o uniforme da época -vermelho, distante do azul que o consagrou- são tratados como tabus no clube.
O próprio episódio da fundação é nebuloso e inclui drible na Federação Paulista de Futebol, que, na época, só filiava clubes com um histórico de ao menos três anos como amador. Não era o caso do São Caetano, que emprestou o nome do Jabaquara (que ainda existe e joga torneios no ABC). Mal teve a filiação aceita, mudou o nome.
Nos primórdios, a ascensão do clube foi meteórica: foram dois títulos seguidos, da terceira e segunda divisões. O esperado acesso para, enfim, enfrentar os times grandes viria com um vice-campeonato da Divisão Intermediária, em 1992.
O último jogo do quadrangular decisivo, contra o Taquaritinga, teve ingredientes de uma ópera-bufa. No campo, havia dirigentes do São Caetano trabalhando como gandulas. Fora dele, o pacto pelo empate que beneficiaria os dois times (alijando o Taubaté do acesso) ficou impossível de se esconder por causa do imponderável.
Após um primeiro tempo morno, a história do jogo mudou com um gol fortuito aos 9min da etapa final. Márcio Fernandes, do Taquaritinga, queria cruzar, mas o goleiro Cavani praticamente empurrou a bola para o gol.
O desespero do São Caetano aumentou dez minutos depois, num chutão de Careca que entrou no ângulo do azarado Cavani: 2 a 0. Sintomaticamente, em vez de comemorar, o atacante do Taquaritinga levou as mãos à cabeça. Era a prova da farsa.
A partir dali o jogo virou comédia. Atrás de um dos gols, reservas do time do interior passaram a orientar a defesa. "Vamos tomar logo esse gol!", bradavam. Foram atendidos aos 32min, quando Paulinho Kobayashi, que depois jogaria por Portuguesa e Santos, diminuiu.
Mas não era suficiente. E o banco de reservas passou a pedir que o próprio time cometesse um pênalti. Dito e feito. E outra vez uma ordem inusual oriunda do entorno da partida. "Não pega esse pênalti de jeito nenhum", pediu o atacante Zó ao novato goleiro Ângelo. Um veterano, Serginho Chulapa -destaque do São Caetano naquele campeonato- bateu e decretou o placar conveniente. Na campanha vitoriosa do "Vermelhão", o jogador notabilizou um carro Opala com o qual viajava, cercado de amigos, para jogos no interior.
Naqueles tempos, o time famoso de camisa vermelha que jogava na cidade era de vôlei, comandado na quadra por Ana Moser e no banco por Zé Roberto Guimarães.
Só depois, e travestido de azul, o futebol alcançaria um patamar que nem os fundadores do clube sonhavam.






  • Fontes: Colaborou Alfredo O. Abrãao

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