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UMA HISTORIA QUE TALVES VOCÊ NÃO CONHECIA

TEXTOS DINIZIANOS

CASA DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO

Como você não sabe, o final da tarde do dia 14 de agosto de 1961, foi um dos dias mais trágicos para Taubaté.
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Queira pegar o extintor, que lá vem incêndio.
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Foi quando morreram carbonizados 42 presos no incêndio por eles causado na Casa de Custódia, avenida Marechal Deodoro.
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O diretor da Custódia era o saudoso doutor Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, que foi impedido de entrar no presídio por um grupo de presos armados com facas e estiletes.
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Dr. Tarcizo convocou então convocou a Polícia Militar que enviou de pronto 30 policiais para os procedimentos.
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A situação era caótica. Os presos amotinados colocaram fogo em colchões de capim e na madeira das camas, fazendo imensas fogueiras na esperança que as celas fossem abertas para a fuga.
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O chão era de madeira e o fogo alastrou-se para o forro. Impossibilitados de entrar, todo o presídio foi cercado pela PM, o que evitou fugas.
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O Jornal Última Hora da capital de SP fez matéria dizendo que os presos amotinados haviam sido agredidos a coronhadas, fato que deixou abalado o diretor Dr. Tarcizo.
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O diretor ordenou que os portões fossem abertos, mas o chefe do policiamento disse que não abriria enquanto não chegassem os reforços.
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Policiais que estavam em férias foram chamados para reforçar a guarda.
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Diversos segmentos da cidade apresentaram-se para prestar socorro. A Willys Overland enviou sua guarnição de Bombeiros para evitar que o foto se propagasse.
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O Departamento de Estradas e Rodagem forneceu água e iluminação no período em que o presídio ficou às escuras.
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O Segundo Batalhão de Engenharia de Pindamonhangaba e o Sexto Regimento Ipiranga de Caçapava isolaram a área onde o zé povinho se fazia presente por ouvir as notícias transmitidas pelas Rádios Difusora e Cacique.
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Uma guarnição do Corpo de Bombeiros veio da capital de SP para o rescaldo dos pavilhões.
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A identificação dos cadáveres pela arcada dentária foi possível pelo desempenho profissional e voluntarioso do saudoso dentista Nivaldo Zollner, ex-reitor da Unitau e sobrinho do Dr. Tarcizo.
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Os 118 presos que conseguiram sobreviver foram transferidos para a Penitenciária do Estado.
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O saudoso professor Teodoro Corrêa Cintra do Ginásio Taubateano fez campanha no Programa Minuto Azul da Ave Maria da Difusora para repor o que foi queimado na Custódia.
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Há alguns anos o professor e policial Gilberto me levou ao Quartel da Polícia Militar onde eu pude ver as fotos tétricas dos presos calcinados. Um amontoado de "carvão! em lugar de corpos humanos.
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Pela Casa de Custódia passaram posteriormente presos famosos como João Acácio, o "Bandido da Luz Vermelha", "Chico Picadinho", Pedrinho Matador, MotoBoy, e até o cirurgião plástico, Hosmany Ramos.
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Uma ex-primeira dama taubateana, mostrando todo o seu conhecimento pela história de Taubaté, quando assumiu o "cargo" referia-se a Casa de Custódia como "Casa do Custódio".
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Esse texto também faz parte de meu último livro "Tribos de Taubaté", cujo fonte de consulta foi o livro "Casa de Custódia de Taubaté" da autoria de Samuel Messias de Oliveira e Lamarque Monteiro, de minha biblioteca particular.







  • Fontes: JOSÉ DINIZ JUNIOR