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FRANCISCO ALVES O REI DA VOZ

TEXTOS DINIZIANOS

O REI DA VOZ

Domingo, 28 de setembro de 1952. A Rádio Nacional do Rio, (a Globo da época), divulga para todo o Brasil: "Morre em Taubaté o rei da Voz".
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Queira sentar-se que lá vem história.
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Francisco Morais Alves - filho de um imigrante português - vinha pela Dutra com seu Buik - quando na divisa com Pindamonhangaba, saiu da Fazenda Marçon um Mercury dirigido pelo dentista Felipe Jorge.
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Um caminhão que vinha pela Dutra, para não colidir com o Mercury do dentista, chocou-se com o Buik do Rei da Voz, incendiando seu carro e matando-o carbonizado.
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O carona, Haroldo Alves, foi levado com vida para o Hospital santa Isabel, e sobreviveu.
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Comoção no Brasil. Chico Viola, como era conhecido o cantor, havia feito no Largo da Concórdia na capital de SP um show ao ar livre para mais de 5 mil pessoas, com as meninas órfãs da Casa de Lázaro, com quem gravou a "Canção da Criança".
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O cantor que tinha medo de avião, vinha com o amigo Haroldo ouvindo América e Bangu, ambos eram torcedores do América,
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Seu corpo foi sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio, levado por um caminhão de Bombeiros, parando o País.
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A Revista O Cruzeiro, a maior circulação nacional da época, chegou a fazer uma tiragem de 550 mil exemplares num País de 50 milhões de habitantes, sendo 30% analfabetos.
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Chico Viola havia sido casado com uma prostituta chamada Perpétua, cujo casamento durou 9 dias, pois ela não abandonou a profissão, mesmo casada com o ídolo.
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Perpétua queria a fortuna do cantor, alegando ter tido com ele dois filhos, fato que ao longo do processo foi provado ser mentira.
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Ambos eram filhos de um industrial carioca, um certo "Ricardão"
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No local do acidente os fãs do cantor fizeram um monumento: uma cruz e um violão, que o Departamento de Estradas retirou e levou para um depósito em Cachoeira Paulista para não causar acidentes com as pessoas que paravam na rodovia de apenas uma pista.
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Mais tarde com o alargamento da Dutra um novo monumento foi colocado, estando hoje coberto pelo mato.
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O fotógrafo Hélio Rezende que era da Polícia Técnica de Taubaté, fez uma edição com as fotos do acidente provocando filas no Foto Rezende (rua Dr Pedro Costa).
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Chico Alves deixou um acervo de 500 discos de 78 rotações.
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Os saudosos amigos que você está vendo na foto, o escritor Jader, o professor Oswaldo Salgado e o radialista Paulo Amaral, todos os anos na data do acidente, costumavam visitar o local. O homem de boné é o caseiro do sítio.






  • Fontes: JOSÉ DINIZ JUNIOR